O poema sugere um violinista que não pode tocar. A ansiedade é tanta que ele compara o violino ao êxtase do corpo de uma mulher (ou será o contrário?). Enfim, sem ambos, ele delira, pois é inidentificável sem esses elementos. Somente o sonho, o delírio pode manter a ausência em equilíbrio.
Um pouco de tudo isso não nos faria mal algum.
Quando as folhas
d’outono caem
Da rústica
morada saem
O pequeno
tocador e sua
Tristíssima
figura à lua
Não leva nas
mãos a rabeca
Leva nos sonhos
a voz dela
Presente inda os
trinados
De suas cordas
por ele tocados
O leve corpo
sinuoso
Da alva mariposa
de madeira
– Rico acorde
luminoso –
Entorpece sua
alma ordeira
E em sonhos o
tocador se perde
Delírios sem
pudores que despe
Corda a corda da
rabeca
Trinados
diminutos dela
Acordes,
harmonias, peças
Rapsódia das
mais belas
Como amantes
apaixonados
Tocador e rabeca
iluminados
E no mais belo
sonho de luar
O tocador de
joelhos ao chão
Nu quer tocar,
quer gritar
Pois não tem a
rabeca à mão
Em 24/09/2012.