quarta-feira, 27 de março de 2013

A Rabeca

Esse poema tem nitidamente inspiração na música Violin de Becho, de Alfredo Zitarrosa. Não se trata de homenagem ou cópia, numa alusão de compor algo menor, mas, antes, de buscar, viver a atmosfera de Zitarrosa para conceber uma obra gestada em seu mundo poético. Fato este que ocorre com o Solitário de Mariana em relação à magnitude de Verlaine.
O poema sugere um violinista que não pode tocar. A ansiedade é tanta que ele compara o violino ao êxtase do corpo de uma mulher (ou será o contrário?). Enfim, sem ambos, ele delira, pois é inidentificável sem esses elementos. Somente o sonho, o delírio pode manter a ausência em equilíbrio.
Um pouco de tudo isso não nos faria mal algum.


A Rabeca

Quando as folhas d’outono caem
Da rústica morada saem
O pequeno tocador e sua
Tristíssima figura à lua

Não leva nas mãos a rabeca
Leva nos sonhos a voz dela
Presente inda os trinados
De suas cordas por ele tocados

O leve corpo sinuoso
Da alva mariposa de madeira
– Rico acorde luminoso –
Entorpece sua alma ordeira

E em sonhos o tocador se perde
Delírios sem pudores que despe
Corda a corda da rabeca
Trinados diminutos dela

Acordes, harmonias, peças
Rapsódia das mais belas
Como amantes apaixonados
Tocador e rabeca iluminados

E no mais belo sonho de luar
O tocador de joelhos ao chão
Nu quer tocar, quer gritar
Pois não tem a rabeca à mão

Em 24/09/2012.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Entrevista com Thiago

O Mundo da Penumbra hoje está em festa: conseguimos uma entrevista com o escritor Thiago, que lançará seu livro de estreia nesse sábado (23\03\2013). É um prazer recebê-lo aqui, logo ele que já publicou trabalhos neste confortável Mundo da Penumbra. Sem mais palavras, vamos à entrevista conhecer uma pouco mais desse novo talento:


Entrevista com Thiago, autor de Laços da amizade
(República da Arte
r. Maj. Almeida Costa, 39 - Campo Grande (próx. à estação) - Rio de Janeiro)

Mundo da Penumbra – Em primeiro lugar parabenizo você pelo lançamento de Laços da amizade, seu primeiro livro.

Thiago – Obrigado.

MP – O quão difícil foi dar esse primeiro passo, sabendo das dificuldades do mercado, que hoje é bastante segmentado e da quantidade do público leitor no país?

T – Pensei em parar diversas vezes, achando que nunca ia conseguir publicar nada aqui no Brasil, já que o meu estilo é fantasia e, apesar de haver muitos leitores de fantasia, achava que seria impossível publicar algo do gênero.

MP – Sabemos que você já possui trabalhos finalizados, por que a escolha de Laços da amizade como sua estreia?

T – Acho que pela história em si. E também por ser o único livro realmente terminado, os outros são contos e peças teatrais (risos). Mas acho também que foi pela inspiração que obtive quando escrevi. Foi o segundo livro que escrevi. O primeiro não tenho vontade de publicar, pelo menos não agora, eu teria que reescrevê-lo totalmente. E também escolhi Laços da amizade por ser um livro que acredito que tenha melhorado no processo da escrita. Eu, antes, escrevia alguns contos, mas acho que não sabia fazer muito bem, e ao decorrer deste livro acho que melhorei bastante, levando em consideração o fato que o escrevi entre acho que metade do ano de 2009 até o seu final e depois, nos anos seguintes antes da publicação, acabei acertando pontos que achei que tinha que melhorar e até modificando as ações e personalidade dos personagens. O livro também teve um pouco de inspiração em Harry Potter, Senhor dos anéis e Stardust.

MP - Você acha que nele podemos ver o Thiago – ou pelo menos seu estilo – que já vislumbrou em alguns blogs e sites?

T – Acho que sim, acredito que nos trabalhos mais recentes dá para se notar melhor isso, pois se passaram uns dois anos que escrevi o livro, mas na revisão tentei aproximar mais do que estou escrevendo hoje em dia.

MP – Pode nos contar sobre o processo de criação que o inspirou a compor o universo de Laços da amizade?

T – 
Bem, eu estava em um curso de acd (auxiliar de cirurgião dentista), no processo de nivelamento dos alunos, não lembro bem qual era a matéria. Eu estava na fase de querer ser escritor, só que não sabia como fazer totalmente. Anotava tudo o que se passava pela minha cabeça e tentava pensar como um escritor. Na época, eu estava começando a ficar super fã do Neil Gaiman, e tentava ler tudo o que conseguia dele. Acho que estava lendo ou havia acabado de ler o último livro do Harry Potter, o qual sou super fã também (risos), e estava escrevendo esse primeiro livro sem saber como fazer e apenas com o pensamento de que para virar escritor, eu tinha que terminar um livro. Estava com isso fixo na minha cabeça.
No dia eu vi uma garota com, se não me engano, o 6º livro do Harry (Potter), e comecei a pensar nos personagens. Imaginei como se eu homenageasse os personagens, e criei o Oliver, que tem muito do Harry mas, que na maioria das vezes sou eu de cabelo liso e um pouco corajoso (risos). Depois criei a Alice que seria a Hermione. Depois criei o Blaze, que era uma mistura de Rony e Draco, e em seguida criei os outros personagens.
Continuei pensando, não lembro se foi naquele mesmo dia. Acho que tenho anotado em diários – um deles, o do computador – o perdi. Então não sei bem ao certo, sei que acabei desenvolvendo a história. Depois ela passou muitas e muitas vezes pela minha cabeça, tive sonhos com ela, coisas que entrarão nos próximos livros da série.
Nos dias seguintes da ideia, me empolguei e continuei escrevendo, só que precisava terminar de escrever o meu primeiro livro. Se não eu nunca ia terminar nada, e ao mesmo tempo sempre que eu tinha tempo, eu ia e anotava alguma ideia. Quando resolvi finalmente começar a escrever eu tinha, acho, 70% da estória esboçada. Só precisava ligar uma parte com a outra, lapidar e escrever o início. Acho que de todos os personagens, Alice foi a que eu mais trabalhei e mudei as ações, já que o Oliver seria eu e os outros personagens seriam criações minhas com algumas exceções inspirações de personagens que sempre gostei. 



MP – Você direcionou o enredo e as ideologias contidas em Laços da Amizade para algum público?

T –Sim, mas para o público infanto-juvenil, embora os seguintes tentarei escrever algo mais maduro, se é que posso dizer assim, algo mais sombrio.

MP – Laços da Amizade tem um clima
gostoso que mistura o suspense floreado pelo humor, o que prende o leitor cena à cena. Como você que Laços da Amizade pode acrescentar algo na vida dos leitores?


T – Na identificação dos personagens, principalmente em Oliver, Alice e Blaze, acho que mesmo criança, quase todas as pessoas já passaram por alguma tristeza com um amigo, seja por um machucado, uma doença ou mesmo a distância. Os leitores podem ver que os quatro são muito ligados, e se pudessem, trocariam de lugar com o amigo.

MP – Falando um pouco mais de você, quais suas influências?

T – Meus autores preferidos são J.K Rowlling e Neil Gaiman e eles são as minhas maiores influências. Até hoje não consegui escolher um terceiro autor. Gosto muito do (Stephen) King e da Anne Rice, como também de Álvares de Azevedo, mas sempre tento buscar algo na JK e no Neil, tanto que até hoje também não consigo definir qual dos dois está em primeiro ou em segundo lugar na minha lista de autores preferidos. Outro também que me influenciou até mesmo antes dos dois foi o Roberto Gomes Bolanos, o Chaves. Desde pequeno sempre amei os trabalhos dele, então acho até que tenho mais uma essência do Chaves em mim do que eles dois, mas como eu acabo sempre pensando em escritores de livros primeiro ou em fantasia, já que ele é escritor de séries de comédia, acabo esquecendo de mencionar um dos caras que, se eu parar para pensar, talvez seja o herói da minha infância, seja com Chaves ou Chapolin. Acho que ele também entraria no páreo para decidir quem fica em primeiro com a JK e o Neil (risos).

MP – Que mensagens deixa para seus leitores?

T – Que acreditem em seus sonhos. 

MP – Muito obrigado.


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