sábado, 30 de janeiro de 2016

O monstro do capinzal

Um micro conto homenageando um grande amigo peludo, brabo e de dentes afiados. Apesar de todas as disputas territoriais e embustes nos damos bem e sempre temos bons momentos. Essa é para você, fera!

O monstro do capinzal

E lá estava eu, no capinzal, diante do gato, com sua rama de capim-limão à boca, uma fera sombria, horripilante e ignota. A noite caía lúgubre e o silêncio que se fazia era sepulcral. Ele me lançava olhares sinistros, de ódio, e eu revidava, pois minha sobrevivência dependia disso. Éramos apenas nós dois, e sabíamos que só um sairia vivo deste embate mortal, cruel e apoteótico. Clemência não seria pedida, pois não seria dada. A maldade do gato era conhecida pela boa gente e misericórdia não era da sua natureza macabra.
As orelhas cor de âmbar foram postas para trás e um turbilhão se apossou de nossos corpos e mentes. Rolávamos como selvagens desalmados, não mais que bestas deformadas pela escuridão: não podia afirmar se eu mataria o gato ou se ele me levaria para as trevas absolutas.

Rodrigo Martins

Em 29/01/16