sábado, 27 de novembro de 2010

Temperado com salsa


Está aí um dos poemas de que muito me orgulho em ter composto. Faltava isso na minha poesia: a explosão da sensualidade feminina. E este foi apenas um dos muitos que virão. Aguardem.

Temperado com salsa

Ela me mostrou as marcas nas coxas
Marcas de cadeira
Sentada linda de pernas cruzadas
Toda linda
Veio em euforia
Radiante alegria
Sorriso largo
Que quero beijá-lo
Olhos
Suavemente
Vesgos
Não posso resistir
Tem um encanto próprio
Emoldurados pelas sobrancelhas
Meticulosamente bem-feitas
Perfeitas
Que coxas!
Ela cruza uma e outra
Brancas de marcar
Uma cadeira
Uma palma
Marcas de dedos ficariam melhor
Marcas de dentes
E que cheiro!
Uma fêmea
Doce coelho ante o lobo
Coelho sedutor
Aprisiona o lobo em seu encanto
Entorpece de beleza
O cabelo escovado
Quero unir ao meu
No leito nupcial
De uma noite apenas
De um ataque apenas
Bote certeiro
Nos seios macios
Com as mãos ávidas vasculhar
Todo aquele corpo luminoso
Que me chama
Que me convoca
Que me prende
Na sua arapuca de inocência
Suave mulher intensa
Que cruza as pernas

No dia 07/10/2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Irmãs perdidas


Irmãs perdidas também é um micro conto de terror, mas ele é diferente dos anteriores. Está mais no estilo dos contos de fadas europeus na versão como eles iniciaram. Quando o escrevi não percebi isso. Quando me dei conta, já o tinha terminado e me surpreendi. Mas este não é nenhum conto de fadas que já existe, não há nenhuma versão boazinha dele. Ele parece ser assustador, mas peço que leiam com atenção.
Thiago Garcez Moreno

Duas irmãs se perderam na floresta. As duas se separaram e a mais velha acabou encontrando uma cachoeira, a mais nova vagou por toda tarde. A jovem que encontrou a cachoeira fez um pedido pra a Mãe Água, para que a irmã encontrasse abrigo. O pedido foi atendido e logo a irmã que andava sem rumo encontrou uma casinha. A casinha estava muito podre e parecia estar abandonada há um bom tempo. Sem ter para onde ir, a jovem foi até lá antes que escurecesse. Um velho atendeu; ele não tinha dentes e sorria muito. Convidou-a para entrar. Uma velha apareceu: era sua esposa, e mandou ela se sentar. A jovem disse que estava perdida e que tinha se separado de sua irmã. A velha sorriu. A moça pediu para que eles a ajudassem a trazer a irmã para junto dela. Os velhos se entreolharam e sorriram.
A mulher correu até a cozinha, o velho disse que eles poderiam fazer, mas isso ia ter um preço. A jovem aceitou sem pensar. A velha voltou com uma garrafa e despejou nos lábios rosados dela, que adormeceu em seguida. O velho a transportou até a mesa da cozinha e a velha sacou uma faca do avental. Primeiro cortou entre os seios. Depois desceu até a virilha. Em seguida arrancou seus olhos. A mulher pegou seu coração e seus olhos e os jogou em uma tigela, misturou-os e disse algumas palavras. Na cachoeira, a irmã ouviu a voz da irmã. Ela tentou segui-la se guiando pela voz. Chegou a ver vultos prateados que sumiam no ar. Ela deu de cara com a casinha e com o velho, que gritou:
-Venha, sua irmã está a sua espera - ele entrou. O fantasma da irmã tentou alertá-la (agora livre do feitiço) do perigo quando ela pós os pés dentro da casa Mas já era tarde. A irmã foi golpeada na nunca e assistiu ao lado da irmã fantasma seu corpo ser mutilado.

Noite fria



Este é mais um micro conto de fantasia/terror de Thiago Garcez Moreno.

Um menino de rua deitou em sua cama de jornais. Chovia e ventava muito naquela noite de inverno. Ele adormeceu tremendo e pedindo a Deus, ou qualquer outro ser, o ajudar naquele momento. Minutos depois sentiu sua pele muito fria e em todo o corpo sentiu o peso de algo estranho. Sentiu calor. Ele abriu os olhos e não enxergou nada, tentou gritar, mas havia terra por todo o seu corpo e ela acabou entrando em sua boca.
O garoto forçou os braços e conseguiu furar a terra, bateu em algo sólido, forçou, sua mão transpassou a madeira. Do lado de fora sua mão congelava. Ele forçou a outra mão, e tudo aconteceu como com a primeira. Ele pegou impulso e com força conseguiu se levantar. Seu corpo estava fraco e suas roupas estavam mais rasgadas do que quando ele foi se deitar “sonho esquisito esse”, ele pensou.
O menino de rua olhou a sua volta e percebeu que estava em um cemitério. Ele sentia o frio ali. Olhou em seus braços e viu que a pele tocava o osso de tão magro que estava. Ele não ligou, sempre fora assim. Começou a caminhar e notou que capengava, “deve ser pela falta de comida”, deduziu. Se ele olhasse para trás, veria seu nome na lápide, mas isso não faria muita diferença, James nunca aprendera a ler. Ao seu redor todos os túmulos estavam revirados.
Ele caminhou sem saber aonde ia, pensou ouvir um murmurinho mais a frente. Continuou andando até achar uma cripta aberta. "Quando vou acordar desse pesadelo? Que lugar mais estranho, será que a gangue do Paul armou isso?", ele pensou sem saber o que estava acontecendo".
James entrou na cripta. Muitas pessoas estavam lá, muitas delas deformadas, outras apenas cortes ou algum ferimento e outras ainda, sem nada aparente.
-Pensei que você não viria a essa reunião. - Disse um homem muito velho - Já esta morto há três anos e essa é a primeira vez que comparece. - James arregalou os olhos. Aquela noite foi realmente muito fria.