sábado, 9 de outubro de 2010

Vigo meo


Este poema surgiu de maneira suplicante. Sutilmente pediu-me para vir ao mundo. Assim eu o trouxe do "estado de dicionário", como Drummond disse uma vez. Ele mescla um pouco da poesia trovadoresca portuguesa com minhas crenças filosófico-religiosas, e é claramente uma alusão ao conhecido poema "Mar de Vigo", uma cantiga de amigo deste período literário. Composto em 4 quadras, montei-o com rimas alternadas. Somente na 3ª quadra rimo apenas as vogais, excluindo as consoantes entre elas. Gosto de dar esse efeito. Parece-me que o poema perde um pouco sua característica "diatônica" e ganha uma característica mais "cromática", como numa escala musical.
Também "forço a barra" na 2ª quadra. O leitor deverá ler "ÓSbens". Assim mesmo, aberto, para poder rimar com "HOmens. Não é muito comum eu fazer isso, mas há momentos em que a construção poética não me deixa outra alternativa. Prefiro não comprometer a mensagem do poema.

Vigo meo

Ondas do mar de Vigo
Ondas do mar bravio
Diz-me se contigo
Vai o vital navio

Donde navegam almas
Daqueles errantes homens
Que no mundo, palma a palma
Valsam por fim os bens

Ondas do mar de Vigo
Ondas do mar Valente
Faz-me tronco rijo
Aos ventos e clemente

Na Lua do céu que no Mar
Resplandece ancestral
E há de me afastar
Dum destino mui banal


Rodrigo Martins

Em algum momento de 2009

E aqui está o original:

Ondas do mar de Vigo

Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!

Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro!
E ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amado,
por que hei gran cuidado!
E ai Deus, se verrá cedo!

2 comentários:

  1. Um poema romântico com uma pitada de Espanha, parabéns!

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  2. Na verdade, meu caro, me inspirei na parte portuguesa mesmo.

    Obrigado pelo comentário.

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